HINO CINQUENTENÁRIO

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Números trágicos da seca e a eterna indústria política da miséria no sertão

É certo que a frieza dos números , muitas vezes, faz com se pense o problema neles refletido como algo distante. Deve ser por isso que muitos gestores capengas, despreparados e desumanizados desviam dinheiro do combate às mazelas que a seca vem provocando e aplicam a verba em festa eleitoreira – embora discursem , aos quatro cantos, sobre atos piedosos. Deve ser por verem somente números e não pessoas por trás destes que muitos gestores tratam as consequências da maior seca dos últimos 50 anos apenas como mais um tema pelo qual o político deva fazer caras e bocas na imprensa. No entanto, para quem compreende a gravidade e sente a tragédia que isso representa na vida de milhares de sertanejos, os números abaixo, que expõem a realidade dos sertões pernambucano e baiano neste momento, são motivo de profunda tristeza e de urgente necessidade de ações efetivas por parte dos governantes. Clique no Leia mais ...
É inaceitável que um governador (como fez o da Bahia, Jaques Wagner, no Roda Viva, da TV Cultura) diga que “era imprevisível uma seca como essa”. Anunciou, na última quinta-feira(04), que fará poços em centenas de cidades atingidas pela tragédia. E colocou o verbo no futuro: “A Bahia terá mais R$ 50,9 milhões para medidas de enfrentamento aos efeitos da seca”. Por que não fez antes, em seus quase 8 anos de governo? A seca, por acaso, é novidade na vida sertaneja? Não. Do mesmo modo, não é novidade o sofrimento de homens, mulheres e crianças no sertão e o descaso conveniente dos que nunca deixaram que a indústria da seca se acabasse . Em campanha de reeleição, o governo federal não tem se ausentado do contexto. Informou, de acordo com matéria veiculada pelo jornal O Globo, que ‘ já foram efetuadas mais de 271 mil operações de crédito nos 1.360 municípios afetados pela seca no Nordeste, e que os contratos somam R$ 2,13 bilhões. Mas, na caatinga, a história é outra: os agricultores reclamam da burocracia e da dificuldade de acesso ao dinheiro. Dizem que o milho subsidiado não é suficiente, e já relatam até a ocorrência de desvio do produto. Como as sacas são brancas, sem carimbo da Conab, também fica difícil rastreá-las no caso de comércio irregular’. Observe-se como todos os pretensos candidatos a governador e a deputados dessa região também decidiram colocar o assunto em suas pautas, falando nas tais ações necessárias para que o cidadão (votante, diga-se de passagem) conviva dignamente com a seca. Mas, ao longo dos anos, o mais comum é ver contratações de carros-pipa que só aprisionam sofredores – e os algozes ainda divulgam isso na imprensa. Vergonhoso e repugnante! Os números (até mesmo os oficiais do governo) são funéreos. Em Pernambuco, 17% das propriedades de leite (18.700) encerraram as atividades e que o rebanho mingou de 2,5 milhões para 1,6 milhão de cabeças: 200 mil morreram de sede, 370 mil foram levados para outros estados e 330 mil foram precocemente abatidas. Há 12 meses , não se produz feijão nem milho nos municípios atingidos pela estiagem em Pernambuco. Dos 500 mil hectares de sequeiro (terreno sem irrigação), 370 mil deixaram de produzir em Pernambuco, onde mais de 120 municípios se encontram em estado de emergência. Na Bahia, dos 417 municípios , 240 prefeitura decretaram “estado de emergência”. Diz-se que a seca deve causar uma queda de até 8% do Produto Interno Bruto do estado; sobretudo, agora, depois da perda de grande parte da produção de feijão e milho. A verdade é que esses “decretos de calamidade” são eleitoreiros e mecanismos de corrupção em muitos casos, porque liberam os municípios e estados de realizarem algumas exigências legais de transparência e ainda os permitem receber verbas extras. Basta observar a postura da maioria dos prefeitos depois dos decretos. Pior: contam com a cumplicidade, muitas vezes, de órgãos governamentais ou não, para captar verbas, forjar editais e contratações, condenando os sertanejos a nunca verem o dinheiro e a solução dos caos.
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