HINO CINQUENTENÁRIO

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

DEBATE: A balança do debate ficou equilibrada

Última cartada dos candidatos ao Governo do Estado para atingir um grande público na reta final de campanha, o debate promovido pela Rede Globo, na noite desta terça-feira (30), terminou tendo como principal alvo quem menos precisava de exposição ou de correr atrás dos pontos perdidos. Das 12 perguntas feitas nos dois blocos de confronto do programa, oito foram direcionadas ao postulante da Frente Popular de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). Todas as indagações feitas pelos candidatos da coligação Pernambuco Vai Mais Longe, Armando Monteiro Neto (PTB), e do PSOL, Zé Gomes, foram direcionadas ao socialista, que seguiu à risca a cartilha de quem está liderando as pesquisas: não fez jogadas de risco, entrou em pouquíssimas bolas divididas – nas raras vezes apenas contra Armando – e, com a estratégia dos rivais, conseguiu reduzir a visibilidade dos adversários. No entanto, apesar de tentar passar tranquilidade, o socialista não conseguia esconder a ansiedade. Por vezes gaguejou, em algumas outras adotou respostas padrão, para não entrar em polêmica. Foi o caso da pergunta de Zé Gomes sobre questões ligadas à comunidade LGBT. Tergiversou no primeiro momento, mas pressionado pelo adversário, jogou a questão da criminalização da homofobia para o Congresso Nacional e disse ter atuado no Estado em favor da pensão para casais do mesmo sexo. No mais tenso confronto televisivo da campanha – esse foi o terceiro – sobrou espaço até para um desafiou. O próprio Zé Gomes cobrou de Câmara o detalhamento do repasse de R$ 8 milhões em doações de campanha feito pelo comitê financeiro. A mesma tática já foi utilizada pelo seu companheiro de partido Edilson Silva em 2010, que fez o mesmo tipo de proposta ao então governador-candidato Eduardo Campos. Nesta vez, Gomes marcou para as 14h desta quarta-feira, no TRE, o repasse das informações. Câmara ignorou o desafio. Limitou-se a dizer que todas as doações para a sua campanha estão dentro da lei. Armando Neto também não escapou do ambiente tenso do debate. Com a sua estratégia de desconstruir o líder nas pesquisas, foi para o confronto com Câmara por diversas vezes. No entanto, não trouxe nenhum adjetivo novo, dos que já usou. Disse que o adversário vive à sombra da tragédia que ocorreu com o ex-governador Eduardo Campos, que Câmara não tem “lastro” para comandar o governo e que o rival foi “criado na burocracia”. Num dos embates, chegou a pedir direito de resposta ao vivo, ao ouvir Paulo Câmara dizer que o Governo Dilma usaria de chantagem em caso de sua vitória. Armando pensou que estava sendo acusado de estar fazendo chantagem. Por isso pediu para responder, mas a sua solicitação foi negada. Apesar do bombardeio a que foi submetido, Paulo Câmara escapou quase ileso graças ao pouco tempo destinado às perguntas, respostas, réplicas e tréplicas. E foi justamente a questão do tempo curto que prejudicou a estratégia de Armando Monteiro Neto e Zé Gomes. Talvez com alguns segundos a mais, conseguissem explorar melhor o contraditório, apontar as eventuais deficiências do adversário com mais profundidade. Após uma hora de embate, se colocar na balança as perdas e ganhos, ela não penderá para nenhum lado.Márcio Didier. Editor do Blog da Folha, edição Valmir Andrade.

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